Por Abiezer Apolinário
O apóstolo Paulo, quando ensinou a igreja da Corinto e a da Galácia, ministrou verdades
divinas que devem ser constantemente estudadas, para que não caiamos na situação da
ignorância, como ele próprio disse: "Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos,
que sejais ignorantes." (1 Coríntios 12.1). Às igrejas da Galácia, ele ministrou acerca
do fruto do Espírito, outra grande bênção que não pode ser jamais esquecida pelo
verdadeiro cristão (Gálatas 5.22). Entendo, porém, que está no capítulo 12 da primeira
Carta aos Coríntios o mais completo estudo sobre a diferença entre o fruto e os dons
do Espírito, sendo este o texto bíblico em foco.
Não pode ser jamais esquecida a singularidade do assunto, pois Paulo não fala
acerca dos "frutos", mas do "fruto", no singular. Assim é e deve ser dito sempre,
no singular. Isso porque, diferentemente dos dons, o fruto é um conjunto de qualidades
que o Espírito produz na vida do cristão, para que sua vida sirva de glorificação a Jesus.
Por isso que Ele trabalha na vida do cristão para que seja produzido o "fruto", que não
é constituído apenas de qualidades morais, mas, principalmente, espirituais.
Um exemplo é a distinção espiritual entre calma e mansidão. A calma é uma atitude
humana, resultante de esforço pessoal, de traços da personalidade ou de formação familiar.
Enquanto a mansidão é uma ação do Espírito na vida do crente, cuja ação Paulo chamou de
fruto.
O "fruto" é uma obra divina na vida do cristão, sendo ele gerado pelo Espírito em nós.
Neste aspecto reside, talvez, a maior diferença entre o "fruto" e os "dons" do Espírito
. Enquanto o "fruto" é gerado em nós, os "dons" são concedidos pelo Espírito.
A frutificação espiritual do cristão não se inicia com o batismo no Espírito Santo,
mas tem seu início no momento da regeneração, da conversão do crente, a partir da
qual ela é demonstrada através de três procedimentos:
1. na relação do cristão com Deus, através do amor, alegria, e paz;A prova bíblica maior, como base do acima exposto, é encontrada em 1 Coríntios 13.1-3:
2. na relação do cristão com seu irmão, através da longanimidade, benignidade e bondade;
3. e na relação do cristão consigo mesmo, através da fé, mansidão e temperança.
"Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como
o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e
conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de
maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que
distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu
corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria".
Atentemos para os detalhes do texto destacado, especialmente o versículo 2. Posso profetizar,
conhecer todos os mistérios e ciências e operar maravilhas como, por exemplo, pela fé,
transportar montes (dons), mas se não tiver amor (fruto), nada seria. Ou seja, como cristão,
pode não me ter sido concedido nenhum dom, mas não posso deixar de frutificar no Espírito;
posso até não ser batizado no Espírito Santo, mas não posso deixar de frutificar no Espírito.
Outro ensino importantíssimo ministrado por Paulo no texto em apreço é o que prova que
frutificar no Espírito não é um ato espiritual isolado, mas é um processo de crescimento,
pois assim está registrado no versículo 11: "Quando eu era menino, falava como menino,
sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei
com as coisas de menino". Por sermos humanos e limitados, precisamos frutificar no
Espírito para superarmos todas as limitações humanos que nos impedem de chagarmos à
plenitude espiritual, já que, como está dito nos 9 e 10 "Porque, em parte, conhecemos,
e em parte profetizamos; Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será
aniquilado".
Por este ensino, podemos aprender que devemos estar frutificando no Espírito, em autêntico
processo de crescimento que somente terminará quando chegarmos "à estatura de varão
perfeito", pois continua ensinando Paulo:"Porque agora vemos por espelho em enigma,
mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também
sou conhecido" (versículo 12, de 1 Coríntios 13).
(blog Belvedere)