Deus na Pessoa do Espírito Santo: Palavra que vivifica ! Salmos 119.49

terça-feira, 5 de março de 2019

Por Héber Negrão mestre em Etnomusicologia - Missão Evangélica aos Índios do Brasil (MEIB), com sede em Belém, PA. / Jovens Missionários

Irmãos Morávios

Em 1722, ele deu abrigo em sua propriedade chamada “Herrnhut” (cabana do senhor) a um grupo de 300 pessoas que estavam sendo perseguidas na Morávia (Áustria e Leste Europeu) por serem adeptas da sã doutrina pregada por John Huss. Esse grupo de imigrantes deu origem aos conhecidos Irmãos Morávios (“Unitas Fratrum”).Talvez o pietista mais conhecido seja o conde Nicolau von Zinzendorf. Quando jovem estudou na Universidade de Halle, onde teve Spener e Francke como professores, sendo profundamente influenciado pelo pietismo. Em uma de suas viagens se deparou com o quadro “Ecce Homo”, onde Cristo era retratado dizendo as seguintes palavras: “Dei minha vida por você; o que você faz por mim?”. Sensibilizado por essa obra de arte, Zinzendorf passou a se dedicar ao trabalho de Cristo.
Cinco anos depois ocorreu um significativo avivamento trazendo grande transformação na vida dos morávios. Eles conduziram uma vigília de oração ininterrupta durante 100 anos e adotaram a simplicidade como modo de vida dando grande assistência aos necessitados de sua sociedade.
No ano de 1731 o conde Zinzendorf teve um encontro com cristãos nativos da Groelândia e da Índia (frutos do trabalho missionário de Halle) e ficou chocado com o apelo deles para que tivessem mais missionários em suas terras. O conde levou este apelo aos morávios que habitavam em Herrnhut e estes abraçaram a causa de maneira empolgante. Começou aí o despertamento da igreja morávia para as missões transculturais.
Missões Morávias
É importante lembrar que até essa época a igreja cristã acreditava que era responsabilidade do Governo alcançar os outros povos com o Evangelho, através das atividades de colonização. Segundo Kenneth Mulholland, “os morávios foram os primeiros cristãos a colocar em prática a ideia de que a evangelização dos perdidos é dever de toda a igreja, não apenas de uma sociedade ou de alguns indivíduos.”3
Uma das principais características do movimento missionário moraviano era que eles não eram sustentados pela igreja local. Os próprios missionários se dispunham para o campo, comprometendo-se a utilizar a sua profissão para manterem-se ali. Grande parte dessas profissões envolvia trabalhos manufaturados, o que dava maior flexibilidade para o missionário na administração do seu tempo. Por isso, eles eram orientados por Zinzendorf a não assumirem qualquer função nas fábricas e fazendas do local.
O principal objetivo destes irmãos era levar o Evangelho até os confins da terra, mas não se limitava somente ao anúncio da Palavra; eles estavam comprometidos também com o desenvolvimento econômico e social da sociedade em que trabalhavam. Falando sobre o ministério que os irmãos morávios desenvolveram em Labrador, Ruth Tucker diz que “à medida que sua influência econômica cresceu também aumentou a sua influência espiritual, e uma igreja Morávia florescente surgiu neste país”4. Eles eram leigos que usavam suas profissões não somente para manterem-se no campo missionário, mas também para criar vínculos de amizade com os moradores locais.
Outras características do movimento missionário dos Irmãos Morávios era que eles deveriam iniciar um trabalho missionário entre povos pouco ou não evangelizados. Eles aceitavam a cultura do povo, sem impor seus costumes europeus. Segundo o conde Zinzendorf, o missionário era enviado para evangelizar, não para doutrinar, por isso a mensagem que eles anunciavam era tão somente o amor de Cristo, e deixavam para se aprofundar em outras doutrinas após a conversão da pessoa.

Irmãos Morávios - Vendidos como escravos