Por Eliseu Antonio Gomes
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Deus
é bom. Ele realiza milagres em nossas vidas mesmo sem merecermos.
Mediante sua graça nos alcança em momentos difíceis e supre nossas
necessidades. É capaz de agir de forma sobrenatural usando as coisas
mais simples e insignificantes para manifestar o seu poder e expressar
seu cuidado.
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"Seja a vossa eqüidade notória a todos os homens. Perto está o Senhor." - Filipenses 4.5.
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Equidade
é a prática de justiça de maneira voluntária, ter disposição para agir
com imparcialidade e retidão, repudiar tenazmente as injustiças.
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"Perto está o SENHOR dos que têm o coração quebrantado, e salva os contritos de espírito." - Salmos 34.18.
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Para
o Senhor não há causa impossível. Ele tem compaixão, vê as carências,
enxerga a fé obediente, estende o braço divino e aplaca o sofrimento
humano de todos aqueles que agem com equidade, isto é, socorre aos que
seguem suas orientações (Salmos 40.17; 69.33; Isaías 25.4; Jeremias
20.13).
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Em
2 Reis 4.1-7, encontramos a narrativa do episódio em que Deus usou
Eliseu para trazer abundância para uma família pobre. A esposa de um
profeta falecido, uma mulher que deve ter dedicado sua vida a Deus ao
lado de seu companheiro conjugal, foi consultá-lo para resolver um
gravíssimo problema de crise financeira. Ao perder o marido, contraiu a
dívida dele. Não sabemos o motivo e nem qual era o tamanho da dívida. O
credor batia em sua porta e a constrangia ameaçando levar seus dois
filhos para trabalharem como escravos e assim pagarem a dívida do pai.
Não bastasse a dor da perda do marido, corria o risco da perda dos
filhos.
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Naquela
sociedade era comum o credor obrigar o devedor a quitar a dívida com
mão de obra servil ou escrava na falta do pagamento, pois a Lei de
Moisés permitia fazer isso, colocando um período de seis anos de
escravidão (Êxodo 21.1-6; Levítico 25.39-55). Pessoas em pobreza podiam
vender-se ou vender os filhos. Os filhos eram considerados bens
transferíveis para resgatar dívidas trabalhando como escravos. Nesta
situação, Deus ordenou que ricos e credores em geral não se
aproveitassem de pessoas durante os tempos de extrema necessidade delas,
como era o caso da viúva sem arrimo familiar (Deuteronômio 15.1-18).
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Diante do clamor da mulher desesperada, sensibilizado Eliseu tomou atitude compassiva e perguntou o que ela possuía em casa. "Tua serva não tem nada em casa, senão um botija de azeite"
(2 Reis 4.2). Apesar de ser um produto essencial na casa dos
israelitas, o azeite possuía baixo valor agregado. A porção que a mulher
possuía era minguada, uma botija, mas foi por meio desse líquido que
Deus resolveu o extremo problema dela. Eliseu intruiu-a: "Vai,
pede para ti vasos emprestados a todos os seus vizinhos, não poucos,
vasos vazios, não poucos. Então, entra, e feche a porta sobre ti e sobre
teus filhos, e deita o azeite em todos aqueles vasos, e põe à parte o
que estiver cheio" (2 Reis 4.3-4). Crendo na providência
divina, ela o obedeceu, pediu as vasilhas emprestadas, trouxe-as para
dentro de seu lar, trancou-se e de portas fechadas ao lado dos dois
filhos viu o milagre da multiplicação acontecer, o azeite fluiu enchendo
uma quantidade enorme de recipientes. Assim, a viúva vendeu o azeite,
pagou a dívida e ainda houve sobra para viver dignamente ao lado de seus
filhos.
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O
poder de Deus não acaba. A multiplicação só parou quando as vasos
acabaram. A limitação foi humana e não de Deus. A provisão divina foi
proporcional à fé e à disposição da viúva pobre em pedir receptáculos
emprestados.
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O
azeite de oliveira era largamente empregado na preparação de alimentos,
substituindo a manteiga na cozinha (1 Reis 17. 12-16). Um uso
igualmente popular na esfera doméstica era o uso como combustível para
as pequenas lâmpadas encontradas com abundância desde o período mais
antigo da Palestina.
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Deus
não age como o ser humano age. Ele usa aquilo que menos se espera. Com
isso percebemos que o pouco com Deus é sempre muito, e que quando existe
fé no coração do servo fiel, a escassez pode converter-se em
abundância, a dificuldade pode ser superada através da providência
divina.
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A
narrativa bíblica do milagre da multiplicação de azeite na casa da
viúva, por meio do ministério do profeta Eliseu, apresenta a soberania
do Senhor para suprir as necessidades de servos fiéis (1 Reis 4.1-7).
Com certeza, a fé da viúva e de seus filhos foi fortalecida com a
intervenção das mãos do Senhor apresentando o devido provimento.
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Os
cristãos não estão isentos de passar adversidades, deve lembrar-se que
têm a quem recorrer em todos os momentos, um Deus poderoso capaz de
suprir suas necessidades. Períodos de escassez servem para que o coração
humano se depare com suas limitações e reconheça sua dependência do
Senhor e humilhe-se perante Ele.
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Se
estamos em posição financeira de privilégio, somos credores e não a
pessoa endividada, a atitude bondosa de Eliseu demonstra que o Senhor
deseja que o cristão ultrapasse o simples ato de religiosidade e
pratique o amor fraternal (Lucas 6.35).
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Em necessidade e desespero, é na casa de Deus, entre os cristãos que o crente necessitado encontra o socorro adequado.
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O
que possuímos pode ser bem pouco, mas é o suficiente para Deus realizar
seus propósitos. O Pai Celeste é imutável, ainda está disposto a
realizar milagres nos dias de hoje (Êxodo 34.6; 2 Crônicas 30.9; Salmo
116.5). "Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais
abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que
em nós opera, a esse glória na igreja, por Jesus Cristo, em todas as
gerações, para todo o sempre. Amém." - Efésios 3.20-21.
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E.A.G.
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